EmMeio#15.0

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Eîori! – um horizonte existencial

No livro A queda do céu: palavras de um xamã yanomami, Davi Kopenawa afirma que o pensamento dos brancos é confuso e obscuro, por conta dos ruídos das cidades e que “Eles dormem sem sonhos, como machados largados no chão de uma casa” (KOPENAWA e ALBERT, 2015, p. 76). Os xamãs, ao contrário, são levados para o ‘tempo do sonho’, onde aprendem ‘coisas de verdade’. É na perspectiva desse ‘tempo do sonho’ que se encontra Eîori! – um horizonte existencial, uma animação que parte do relato de um dos sonhos que o xamã yanomami, ainda criança, costumava ter, quando os xapiri se aproximavam dele e carregavam a sua imagem para as alturas do céu. Partindo daí, o relato se abre a um horizonte existencial para despertar a liberdade inventiva que rompe com a lógica que nos é habitual. Eîori! (em tupi antigo, Vem!) carrega um paradoxo: utiliza um recurso cuja narrativa é intrinsecamente marcada pela sucessão de eventos em um tempo linear - fruto do pensamento eurocêntrico - para tratar da cosmovisão indígena: cíclica, não restrita ao tempo e ao espaço. Essa contradição talvez seja uma forma de realizar o que o conjunto deste trabalho se propõe, isto é, criar conexões, estabelecer alianças afetivas entre diferentes perspectivas de mundo.

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